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Leite materno: benefícios para a mãe e para o bebé
O leite materno é um alimento completo e natural, que confere valor nutricional e imunológico ao lactente. As vantagens do aleitamento materno são diversas e consensuais a nível mundial, existindo orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a sua prática exclusiva até aos 6 meses de vida do bebé (1). Após esta idade, o aleitamento deve ser complementado com a introdução de outros alimentos (2).
Para o bebé, a alimentação exclusiva a leite materno está associada à prevenção de infeções gastrointestinais, respiratórias e urinárias, e de doenças crónicas não transmissíveis (diabetes mellitus e obesidade), à proteção contra vírus e bactérias, entre muitos outros (2).
Para a mãe, a amamentação induz uma rápida recuperação do corpo após o parto, está associada a uma menor probabilidade de desenvolvimento de cancro da mama e do ovário, de osteoporose, doenças cardíacas, diabetes mellitus e artrite reumatoide (2).
Recomendações nutricionais
Durante o período de amamentação, é necessário ter em conta o equilíbrio entre o gasto energético necessário à manutenção de um peso corporal adequado, a composição corporal, ao nível de atividade física e ao volume e composição do leite produzido, com visa a assegurar um aporto energético e nutricional adequado ao lactente. Durante a gravidez, a acumulação de reservas energéticas na forma de gordura, é fundamental para o período da amamentação, dado que estas se destinam à produção do leite materno (3).
Nos primeiros 6 meses de lactação, a produção média diária de leite é de 750 ml. Em termos energéticos, a produção de 100 ml de leite materno (o qual fornece 70 kcal) gasta cerca de 85 kcal da mãe (4). Como tal, é necessário um acréscimo no aporte energético da mãe (+ 500 kcal por dia) durante a fase de produção de leite materno. Contudo, este aumento não está estipulado após o período de 6 meses, devendo as necessidades energéticas maternas corresponder ao gasto energético total para um peso adequado.
Relativamente às necessidades em macronutrientes, a European Food Safety Authority (EFSA) recomenda um aporte proteico adicional de 19 g/dia durante os primeiros 6 meses e de 13 g/dia após esse período. Estabelece ainda, que a ingestão de gordura deve corresponder entre 20 a 35% da energia ingerida diariamente, sendo recomendado a suplementação de 100 a 200 mg/dia de ácido docosaexanóico (DHA), 0,5% da energia ingerida de ácido alfa-linolénico (ALA) e 4% de ácido linoleico (LA). Para os hidratos de carbono, não foram até à data estipuladas recomendações para a sua ingestão diária, devendo ser ser ajustada ao nível de atividade física da mãe (4,5). Em relação à ingestão hídrica, a EFSA recomenda um consumo diário de 2,7L(5).
Comparativamente à gravidez, o período de amamentação apresenta necessidades acrescidas de vitamina A (1300 ug/dia), vitamina B2 (2,0 mg), vitamina B12 (5 ug/dia), colina (520 mg/dia), zinco (2,9 mg/dia) e selénio (85 ug/dia) (3). Para a vitamina E (11 mg/dia), vitamina D (15 ug/dia), ferro (16 mg/dia), magnésio (300 mg/dia), fósforo (550 mg/dia), iodo (200 mg/dia) e cálcio (entre 950 a 1000 mg/dia), as necessidades mantêm-se durante a gravidez e a amamentação. Já o folato (500 ug/dia) e a vitamina B6 (1,7 mg/dia) apresentam um decréscimo na ingestão recomendada na amamentação, comparativamente à gravidez (3).
A ingestão de sódio durante a lactação deve ser restrita, optando pela escolha de alimentos com elevada densidade nutricional e pobres em sódio. Ainda, é recomendado a substituição do sal comum pelo sal iodado, dado que constitui uma fonte adicional de iodo para a mãe (4).
Em relação ao consumo de cafeína e de álcool, existem orientações muito explícitas dado que o consumo dos mesmos pela mãe é transferido para o leite materno e, após a amamentação, para o recém-nascido. Como este apresenta uma baixa capacidade de metabolização e excreção, elevadas concentrações de cafeína e/ou álcool no organismo do recém-nascido acarretam várias perturbações, a curto e a longo prazo, no seu desenvolvimento e crescimento. Por este motivo, o consumo de cafeína não deve exceder as 200 mg/dia e deve ser feito após o recém-nascido se alimentar. Já o consumo de álcool deve ser totalmente evitado, não existindo uma dose segura tanto para a amamentação como para a gravidez (4).
Recomendações alimentares
- Fazer 6 a 7 refeições diárias;
- Não fazer intervalos superiores a 3:30h entre as refeições;
- Mastigar devagar os alimentos;
- Evitar o consumo de alimentos açucarados, salgados ou ricos em gordura;
- Não consumir bebidas alcoólicas e limitar a ingestão de cafeína para 200mg/dia (correspondente a 2 cafés expressos);
- Ingerir um aporte adequado de água (2,7 L/dia);
- Variar no tipo de frutas e hortícolas consumidas;
- Utilizar sal iodado na confeção diária de alimentos;
- Incluir alimentos ricos em ferro tais como o feijão, as lentilhas, o pão integral e hortícolas de folhas verdes escuras ao almoço ou jantar;
- Incluir pelo menos uma porção pequena (20 g) de frutos oleaginosos (nozes, avelã, amêndoas), 4x por semana, dado serem uma boa fonte de ferro, selénio e ómega-3;
- Limitar a ingestão de alimentos ultra processados ricos em açúcar, gordura saturada e sal.
- O consumo de algas deve ser moderado para que o consumo de iodo não seja excessivo e para minimizar a exposição a metais pesados.
- Limitar o consumo de cafeína para 200 mg/dia (2 cafés expressos) e sempre após amamentar o bebé;
- Não consumir bebidas alcoólicas durante o período da amamentação.
- Sempre que possível, fazer caminhadas ligeiras ao ar livre, com o objetivo de aumentar o nível de atividade física e de obter vitamina D através da exposição solar.
- Considerar suplementação nutricional, sempre sob vigilância e monitorização de um nutricionista.
Referências bibliográficas
- Levy L, Bértolo H. Manual do Aleitamento Materno. UNICEF. 2012.
- Bento A, Real H. Aleitamento materno: promover saúde. 2010.
- Carvalho T. Alimentação nos primeiros 1000 dias de vida: um presente para o futuro. Craveiro C, editor. Vol. Ebook no 53. 2019.
- Teixeira D, Marinho R, Mota I, Castela I, Morais J, Pestana D, et al. Alimentação e nutrição na gravidez [Internet]. Direção-Geral da Saúde, editor. Lisboa; 2021. Available from: www.dgs.pt
- Scientific Opinion on Dietary Reference Values for energy. EFSA Journal. 2013 Jan 1;11(1).
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