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Redes sociais

As redes sociais definem-se como um conjunto de plataformas e aplicações digitais que permitem aos utilizadores criar, partilhar e interagir com conteúdos online.

Das redes sociais mais utilizadas mundialmente destacam-se o Facebook, Twitter, Instagram, LinkedIn, TikTok, YouTube e o Pinterest (1,2).

Vantagens e desvantagens do uso das redes sociais

As redes sociais são consideradas como um meio de comunicação e interação social através do uso de recursos tecnológicos e internet.  Proporcionam ao utilizador a capacidade de se conectar à distância a indivíduos, grupos ou organizações, promovendo a partilha interativa e instantânea de informação (1).

A evidência científica tem enaltecido a ocorrência de alterações na dinâmica das interações sociais devido ao uso, por vezes em demasia, das redes sociais. O uso destas como meio exclusivo de comunicação pode causar isolamento social, prejudicando a capacidade de comunicação e o desenvolvimento de relações profundas. Este fenómeno ilustra o paradoxo moderno de que os indivíduos se encontram cada vez mais conectados, mas que a intimidade e a proximidade das interações presenciais estão a ser substituídas por uma comunicação online e superficial. Simultaneamente, existe uma crescente preocupação inerente à partilha criteriosa de informação. Os utilizadores são expostos a conteúdos que se encontram em conformidade com os seus valores e crenças pessoais, o que pode desencadear um efeito reforçado de visões pré-existentes.

A construção e apresentação de um perfil pessoal nas redes sociais, pode desencadear distorções na personalidade, na autoestima e na perceção da identidade do outro e da sociedade. A exigência para o reconhecimento e validação por terceiros tem desencadeado sentimentos de insatisfação e inadequação que, a longo prazo, potenciam um quadro de distress psicológico (1).

Redes sociais e hábitos alimentares

As redes sociais têm-se revelado promissoras na modificação de atitudes e crenças associadas aos hábitos alimentares. Vários estudos sugerem que estas impactam diretamente as escolhas e comportamentos alimentares, dado que são parte integrante da experiência psicossocial do indivíduo (2,3).

estudo de Vaterlaus JM e colaboradores (2), que pretendeu identificar a perceção da influência das redes sociais nos hábitos de saúde de jovens adultos (18 a 25 anos; N = 34), concluiu que o uso das redes sociais está associado a uma maior distração no consumo alimentar durante as refeições e a piores escolhas alimentares. Segundo os participantes, os indivíduos utilizam os seus dispositivos tecnológicos aquando das refeição, sendo mais recorrente em casa do que num restaurante. Ainda, os autores verificaram que os participantes utilizam as redes sociais como fonte de informação relacionada com alimentação. Os participantes relatam que as suas escolhas alimentares são influenciadas por receitas divulgadas nestas plataformas e por publicações feitas pelos seus pares. Referem que, quando visionadas, estas podem induzir uma sensação aparente de fome, induzindo-os a consumirem alimentos, sem necessidade fisiológica. Contudo, dado o baixo número de indivíduos amostrados, toma-se precaução na generalização destas conclusões para a população jovem adulta.

Indústria e marketing alimentar

A indústria alimentar utiliza as redes sociais como meio de comunicação direta com o consumidor. Este tipo de contacto possibilita a deteção do grau de insatisfação e/ou entusiasmo pelo produto publicitado, com visa a desenvolver uma estratégia de marketing ajustada ao perfil do consumidor (3). Em prol da eficácia das redes sociais na disseminação de informação, o marketing alimentar tem a capacidade de promover padrões alimentares pouco saudáveis, sobretudo nos indivíduos mais jovens (4).

Produtos ultraprocessados, ricos em gordura, açúcar, sal e de baixa densidade nutricional, e cujo consumo elevado está associado ao aumento da prevalência de obesidade, estão entre os mais publicitados. A literatura refere que o aumento da exposição a anúncios de produtos fast-food está associado a um maior consumo destes em adultos. Por outro lado, a mensagem transmitida por estes meios de comunicação de que indivíduos magros representam o padrão de beleza, pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbios alimentares em indivíduos mais jovens (4,5)

Estudos da área da psicologia indicam que o marketing alimentar visa induzir a perceção individual de que o produto anunciado é amplamente consumido na sociedade, resultando numa resposta emocional positiva. A exposição frequente e/ou prolongada a anúncios publicitários de produtos alimentícios, sobretudo em indivíduos mais jovens, potencia a capacidade de memória do produto e contribui para o estabelecimento de uma resposta emocional positiva, aumentando o desejo da sua compra e consumo (6).

Ainda, quando os anúncios publicitários incluem a presença de uma figura pública, preferencialmente admirada pela população alvo, observa-se um aumento na preferência pelo produto publicitado. Independentemente do valor nutricional, aqueles que manifestam maior admiração pela figura pública, reportam maior desejo em obter o produto publicitado, sendo as crianças e os adolescentes os grupos mais suscetíveis. Esta influencia não é exclusiva a figuras públicas, dado que também a exposição a publicações divulgadas pelos pares, desempenha um papel determinante nas escolhas e comportamentos alimentares do indivíduo (2,6).

Bibliografia

  1. Azzaakiyyah HK. The Impact of Social Media Use on Social Interaction in Contemporary Society. Technology and Society Perspectives (TACIT). 2023 Aug 31;1(1):1–9.
  2. Vaterlaus JM, Patten E V., Roche C, Young JA. Gettinghealthy: The perceived influence of social media on young adult health behaviors. Comput Human Behav. 2015;45:151–7.
  3. Marktest Consulting. Análise sobre o comportamento dos portugueses nas redes sociais. Lisboa; 2023.
  4. Molenaar A, Saw WY, Brennan L, Reid M, Lim MSC, McCaffrey TA. Effects of advertising: A qualitative analysis of young adults’ engagement with social media about food. Nutrients. 2021 Jun 1;13(6).
  5. Programa Nacional de Saúde Escolar. Marketing Alimentar ou Influenciar Quem Come [Internet]. Porto; 2015 [cited 2023 Dec 17]. Available from: https://passe.com.pt/
  6. Kucharczuk AJ, Oliver TL, Dowdell EB. Social media’s influence on adolescents′ food choices: A mixed studies systematic literature review. Vol. 168, Appetite. Academic Press; 2022.
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